Escola Municipal de Astrofísica
O prédio da Escola Municipal de Astrofísica - EMA, inaugurado em 25 de janeiro de 1961 e projetado pelo arquiteto Roberto José Goulart Tibau, em contraponto ao conjunto de edificações do Parque Ibirapuera, projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, tem uma abordagem que mescla elementos da arquitetura moderna praticada no Rio de Janeiro até a década de 50, com conceitos da denominada Escola Paulista, tornando-o por isso um exemplar de arquitetura híbrida.
Com sua planta livre, lembra os melhores exemplos do arquiteto Mies van der Rohe e reproduz, quase que didaticamente "Os cinco pontos de uma nova arquitetura" estabelecidos por Le Corbusier em 1926, e que se tornaram os princípios da arquitetura moderna: 1. Pilotis, elevando a construção do solo: este princípio, na realidade inexistente porque o edifício da EMA se apoia no solo, merece observação pela forma inusitada com que o arquiteto Tibau projetou nas duas laterais do prédio, grandes vigas, que além de serem anteparos para a observação astronômica no terraço, parecem sustentar a laje de cobertura; 2. Planta Livre: separando a estrutura das paredes divisórias, ou seja estrutura independente; 3. Fachada Livre: o equivalente da planta livre, na vertical; 4. Janelas horizontais: grandes aberturas de vidro e 5. Teto / jardim.
A EMA é um exemplar didático da arquitetura modernista, que estava lamentavelmente descaracterizado, e que ainda não tinha o destaque que merece, por estar em um recanto pouco frequentado do Parque Ibirapuera e quase que escondido pela vegetação envolvente. A sua adequação e recuperação, permite, a par da potencialização do seu uso como espaço educacional e científico, recuperar também a importância como obra de arquitetura.
O prédio é tombado pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo e pelo CONPRESP – Conselho Municipal de Tombamento e Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, portanto o projeto de adequação atende às exigências desses órgãos.
O projeto
A intervenção arquitetônica recupera as características marcantes do projeto original, tais como a recomposição do terreno junto às grandes aberturas envidraçadas nas duas fachadas principais; o resgate das seteiras nos muros de pedra; o terraço e o observatório; restauro de todas as fachadas e revestimentos externos e internos; troca de todas as esquadrias externas e internas; instalação de vidros de segurança; instalação de infra-estrutura hidráulica, elétrica, de lógica, e de proteção e combate a incêndio; previsão de acessibilidade universal.
A ampliação necessária para a área administrativa e pedagógica foi construída no subsolo, respeitando o bem tombado e sem a introdução de qualquer novo elemento no arranjo volumétrico das fachadas.